O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a causar polêmica ao se manifestar publicamente em defesa de Jair Bolsonaro. Em uma publicação feita neste domingo (30/06) em sua rede social, a Truth Social, Trump acusou o governo brasileiro de promover uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente do Brasil e pediu que o país “deixe Bolsonaro em paz”.
Na mensagem, Trump afirmou estar acompanhando de perto o processo movido contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e criticou com veemência o que chamou de perseguição política. Segundo ele, Bolsonaro não cometeu crime algum e apenas “lutou pelo povo brasileiro”, em uma comparação direta com sua própria trajetória política nos Estados Unidos. Trump ainda descreveu Bolsonaro como um “grande patriota”, “negociador duro” e “líder corajoso”, que — nas palavras dele — estaria sendo vítima de forças que querem calar lideranças conservadoras no mundo.
As declarações do ex-presidente norte-americano vêm justamente no momento em que Bolsonaro se prepara para ser julgado por sua suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado. O STF deverá analisar, entre agosto e setembro de 2025, a Ação Penal 2668, que acusa Bolsonaro de liderar uma trama golpista conhecida como “minuta do golpe”, também chamada de “Operação Punhal Verde e Amarelo”. O caso envolve também ex-ministros militares como Augusto Heleno, Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira.
Bolsonaro responde formalmente a cinco crimes graves: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de direito, organização criminosa, dano qualificado ao patrimônio público e ameaça ao funcionamento das instituições. Se condenado por todas as acusações, ele pode pegar mais de 30 anos de prisão. Além disso, o ex-presidente segue inelegível até 2030, após decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenaram por abuso de poder e ataques sem provas ao sistema eleitoral brasileiro.
A repercussão das declarações de Trump foi imediata. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu com firmeza, afirmando que o Brasil não aceitará “interferência ou tutela externa”. Em entrevista durante a Cúpula do BRICS, Lula disse que “defender a democracia brasileira é uma questão soberana, que cabe exclusivamente ao povo e às instituições do país”. Outros membros do governo também reagiram. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, classificou a fala de Trump como “indevida e desinformada”, e ressaltou que os processos contra Bolsonaro seguem os trâmites legais e respeitam o devido processo judicial.