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O dólar fechou em forte alta nesta sexta-feira (18 de julho de 2025), cotado a R$ 5,5875, alta de 0,72% — o maior fechamento desde 4 de junho, quando alcançou R$ 5,6450. O movimento nas cotações refletiu a combinação de duas ondas de incerteza que atuaram sobre o mercado brasileiro: a operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e o receio de medidas comerciais como retaliações por parte do governo dos Estados Unidos.  

Na B3, o dólar futuro para agosto avançou 0,66%, mantendo-se em R$ 5,6040 por volta das 17h. O cenário político-econômico local foi decisivo para essa tendência de valorização da moeda americana.  

O estopim para a desvalorização do real foi a deflagração da operação da PF, que cumpriu busca e apreensão na residência de Bolsonaro, após o STF determinar seu uso de tornozeleira eletrônica, restrições de locomoção, proibição de acesso a redes sociais e impedimento de contato com autoridades e investigados. Essas medidas visam impedir possíveis interferências no processo de investigação.  

Investidores reagiram apreensivos, assim como o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik: “A ação contra Bolsonaro faz o dólar subir, porque o mercado aguarda alguma reação de Trump. Estão todos apreensivos com a possibilidade de Trump aumentar as tarifas brasileiras”, ele comentou.  

Às 11h05, o dólar oscilou, chegando à mínima do dia em R$ 5,5239, mas recuperou força ao longo da tarde, batendo máxima intradiária de R$ 5,5992 por volta das 15h46. O movimento foi contrário ao do dólar internacional, que se desvalorizava cerca de 0,05% no mesmo momento — sinal claro de que a volatilidade foi provocada por fatores domésticos.  

O lado americano também entrou no jogo. Os comentários do ex-presidente Donald Trump reacenderam o fantasma de novas tarifas, desta vez podendo atingir até os países do bloco BRICS. No caso do Brasil, analistas preocupam-se com a retomada da taxação de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto — diretamente ligada à investigação de Jair e Eduardo Bolsonaro pelo STF.  

Esses elementos tornaram o risco país mais evidente: a relação entre instabilidade política interna e ameaças de sanções externas elevou a percepção de risco entre os investidores, pressionando não só a moeda, mas também as taxas de juros via DIs.  

Para conter a volatilidade, o Banco Central realizou venda integral de sua oferta de 35 mil contratos de swap cambial tradicional, medida que busca proporcionar liquidez e atenuar oscilações abruptas no câmbio.  

O impacto político-econômico dessa nova conjuntura é significativo. A operação da PF e as retaliações ameaçadas por Trump colocam o mercado em atenção máxima. Economistas alertam que o afrouxamento da estabilidade institucional pode comprometer o cenário para investimentos e afetar a retomada do crescimento.

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