
Uma investigação da Polícia Federal (PF) trouxe à tona indícios de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro teria utilizado a conta bancária de sua esposa, Heloísa Bolsonaro, como um meio para esconder dinheiro enviado por seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A descoberta faz parte de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), solicitado durante o inquérito que apura a atuação do clã Bolsonaro e seus aliados em atividades consideradas ilícitas. A operação teria como principal objetivo dissimular a origem e o destino de recursos financeiros, evitando possíveis bloqueios judiciais que poderiam afetar as contas do parlamentar.
De acordo com as conclusões da PF, essa estratégia de movimentação financeira faz parte de um padrão de comportamento identificado entre os investigados. O relatório aponta que o deputado federal teria utilizado a conta de sua esposa “como forma de escamotear os valores encaminhados por seu genitor, utilizando como conta de passagem, com a finalidade de evitar possíveis bloqueios em sua própria conta”. Essa ação, segundo os investigadores, seria um esforço para financiar e dar suporte às atividades que o parlamentar, licenciado do cargo, estaria realizando no exterior.
A investigação revelou uma semelhança notável com uma outra transação financeira. O documento da PF também indica que Jair Bolsonaro teria realizado um repasse de dois milhões de reais para a conta de sua esposa, Michelle Bolsonaro, um dia antes de prestar depoimento à PF em junho. Para os investigadores, não houve “qualquer justificativa” para essa movimentação de recursos. Essa coincidência de métodos sugere uma estratégia conjunta para dificultar o rastreamento do dinheiro. A Polícia Federal considera que “os investigados se utilizaram de diversos artifícios para dissimular a origem e o destino de recursos financeiros, com o intuito de financiamento e suporte das atividades de natureza ilícita do parlamentar licenciado no e1xterior”.
O inquérito, que culminou no indiciamento do ex-presidente e de seu filho, reforça as suspeitas de que ambos teriam atuado de forma deliberada e consciente para se desfazer de recursos financeiros, bem como para impedir que futuras medidas judiciais limitassem ou impedissem seus planos. A análise das movimentações financeiras, obtida através da quebra de sigilo bancário, foi crucial para a polícia identificar os fluxos de dinheiro e a aparente tentativa de ocultação. Essa descoberta é vista como um elemento-chave na investigação mais ampla, que apura crimes como obstrução de Justiça e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Com a finalização do relatório, o documento foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde será anexado ao processo. O caso ganha ainda mais relevância considerando o contexto das investigações que já correm na mais alta corte do país e o papel que Eduardo Bolsonaro teria exercido no exterior em alinhamento com interesses de agentes estrangeiros. O desdobramento deste inquérito pode influenciar significativamente os próximos capítulos das ações que envolvem os membros da família Bolsonaro no cenário jurídico e político do Brasil.