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Foto: REUTERS/Nathan Howard

Uma nova tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos ganhou destaque nesta quinta-feira (17), após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticar diretamente Donald Trump por adotar uma postura, segundo ele, “imperialista”. A resposta americana veio de forma rápida e direta: a Casa Branca afirmou que Trump “não está tentando ser imperador do mundo”, e reforçou que suas decisões são voltadas à proteção dos interesses norte-americanos.

A declaração foi feita por Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, durante uma coletiva de imprensa em Washington. Ao ser questionada sobre as falas de Lula, Leavitt destacou que Trump “é um presidente forte e líder do mundo livre”, reafirmando o papel tradicional dos EUA no cenário global.

Lula critica postura dos EUA e tarifas sobre o Brasil

A polêmica começou após uma entrevista de Lula à CNN Internacional, em que o presidente brasileiro afirmou que Trump, ao impor tarifas unilaterais sobre produtos brasileiros, estava agindo como se quisesse governar o mundo. Ele se referia à decisão dos Estados Unidos de aplicar sobretaxas de até 50% sobre uma série de produtos do Brasil, medida que entra em vigor no dia 1º de agosto.

Segundo Lula, o Brasil tentou negociar com os EUA desde maio, mas não houve espaço para diálogo. “Trump foi eleito para governar os Estados Unidos, não o planeta. Não podemos aceitar ser tratados como vassalos”, disse Lula, ao classificar a postura americana como arbitrária e prejudicial às relações bilaterais.

Washington justifica tarifas e nega intenções imperialistas

Na mesma entrevista coletiva, Karoline Leavitt explicou que as tarifas foram decididas com base em preocupações comerciais e ambientais. De acordo com a porta-voz, os Estados Unidos acusam o Brasil de não proteger adequadamente a propriedade intelectual, impor barreiras digitais e não controlar o desmatamento ilegal — fatores que, segundo Washington, afetam diretamente os produtores e empresas americanas.

Ela reforçou que as medidas são legítimas dentro da política econômica de Trump, e têm como foco exclusivo a defesa do mercado interno. “Essas ações fazem parte de uma estratégia que visa garantir empregos e segurança econômica ao povo americano. Não há qualquer desejo de domínio global”, afirmou.

Crise expõe novo capítulo nas relações Brasil-EUA

O embate público entre os dois presidentes evidencia uma fase delicada nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. De um lado, Lula busca manter a independência do Brasil frente às potências econômicas, defendendo uma abordagem multilateral e baseada em negociações. Do outro, Trump adota uma política externa centrada nos interesses americanos, com forte apelo protecionista e nacionalista.

Especialistas avaliam que a imposição de tarifas pode ser uma estratégia de pressão econômica, algo que Trump já utilizou em outros momentos de seu governo. O Brasil, por sua vez, deve acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e aplicar contramedidas por meio da Lei de Reciprocidade Econômica — que permite responder a práticas comerciais consideradas hostis.

Impactos econômicos e políticos no curto prazo

Com a entrada em vigor das tarifas prevista para agosto, setores brasileiros como agronegócio, siderurgia e manufatura já se mobilizam para calcular os prejuízos e buscar alternativas. A curto prazo, o comércio entre os dois países deve sofrer retrações, e o clima político tende a se manter tenso.

Ainda que Lula tenha reiterado o desejo de manter uma relação histórica com os EUA, sua crítica direta à figura de Trump acendeu um alerta sobre os rumos da diplomacia brasileira no cenário internacional — especialmente em um momento de crescentes disputas comerciais e instabilidade geopolítica.

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