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Foto: Reprodução

A decisão do ministro Alexandre de Moraes que impôs prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro desencadeou uma série de reações imediatas no Congresso Nacional. Aliados de Bolsonaro se mobilizaram em protestos que interromperam as atividades legislativas por cerca de 30 horas, culminando em uma retoma tensa do plenário. Esse quadro de instabilidade ofereceu terreno fértil para o crescimento da pauta do Centrão – movimento que vem preocupando o governo Lula com seu ritmo acelerado e foco em blindagens legislativas.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), aparece fragilizado nesse cenário. O risco de fragilizar ainda mais o comando da Casa aumentou ainda mais após o motim bolsonarista, levando o governo a enxergar uma ameaça direta à sua agenda antes do ano eleitoral.

Afastado o tumulto, o Centrão aproveitou o vácuo político para avançar com uma proposta que busca restringir as ações do Supremo Tribunal Federal sobre parlamentares. Paralelamente, já circulam no Congresso ideias para discutir uma eventual anistia aos que foram condenados pelos atos de 8 de janeiro – uma pauta simbólica que reforça o alinhamento com o bolsonarismo enquanto sinaliza o poder de barganha do Centrão.

O retorno de Motta à presidência da Casa, articulado com ajuda de Arthur Lira (PP-AL), evidencia a dependência do atual ocupante da cadeira em relação à liderança do bloco. A recorrente mobilização política, com ocorrência de empurra-empurra e manifestações intensas no plenário, aumentou a percepção de fragilidade institucional de parte da base aliada do governo.

Em meio a esse contexto, o governo Lula enfrenta um paradoxo. Sua principal bandeira — a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda — divide espaço com a pressão crescente do Centrão, que deixa claro que, em meio à instabilidade política, priorizará suas próprias pautas antes das votações alinhadas ao Planalto.

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