
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), assumiu um tom de reconciliação nesta quinta-feira, ao subir à tribuna para pedir desculpas públicas ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), após o tumulto que resultou na ocupação da Mesa Diretora nos últimos dias. O gesto foi marcado por um sincero reconhecimento de erro. “Não fui correto no privado, mas faço questão de vir em público e te pedir perdão”, declarou, referindo-se ao clima emocional que tomou conta das negociações.
Durante o discurso, Sóstenes foi enfático ao negar qualquer tipo de negociação informal que condicionasse o fim do protesto à obrigação de pautar o polêmico projeto de anistia para réus dos atos de 8 de janeiro. “O presidente Hugo Motta não foi chantageado por nós. Ele não assumiu compromisso de pauta nenhuma conosco. Há um compromisso dos líderes dos partidos…”, esclareceu, afirmando que quaisquer tratativas ocorreram exclusivamente entre líderes partidários, sem envolver o presidente da Câmara.
A ocupação da Mesa Diretora, realizada por deputados bolsonaristas, suspendeu o funcionamento legislativo por mais de 30 horas, gerando forte repercussão na imprensa e no meio político. Após a mobilização, parlamentares do Centrão intermediaram a retomada dos trabalhos, o que permitiu a abertura de uma sessão e a retomada da atividade parlamentar.
Analistas e deputados ouvidos nos bastidores classificaram o episódio como reflexo da fragilidade momentânea vivida pela Mesa Diretora. A decisão de Sóstenes em admitir o erro e apresentar desculpas públicas foi vista como uma tentativa de diminuir tensões e restabelecer um clima mais institucional.